TEXTO: Clarissa Corrêa

Eu tô sempre esperançosa que melhore, que flua, que aconteça. Mas uma hora a gente duvida da fé. Uma hora a gente cansa.

Como é boba essa nossa mania de fazer planos. É plano pra isso, plano para aquilo. Listas imensas, tópicos, lembretes, avisos. Plano, plano. Não seria mais fácil viver sem pensar no amanhã? Viver, apenas. Acordar, levantar, fazer o que precisa ser feito, aprender o que precisa ser aprendido. Sem esperar nada além. Viver, apenas. Se relacionar, perdoar, entender que todo mundo falha e que a raça humana é mesmo cheia de desejos. Seria menos doloroso. Mas também mais chato e vazio, afinal, são os planos que nos dão a força necessária para seguir nosso caminho quando o mundo está sem cor.

Se engana quem pensa que me conhece só porque me lê. Não me mostro tão facilmente. Tenho segredos tão bem escondidos que só revelo depois de confiar bem em alguém. E, olha, é difícil eu confiar numa pessoa. Já apanhei tanto da vida que tenho calos, marcas e cicatrizes. 


Eu não sou meiga. É claro que sou educada e polida com quem gosto e não gosto. Só que meu jeito de falar é muito incisivo, não sou de dizer amém pra tudo, aprendi a dizer não, demoro um pouco a perder a paciência, mas se me tiram do sério eu explodo. Tem gente que chama isso de autenticidade. "É o meu jeito", dizem. "Sou sincera", reforçam. Eu não gosto de ser assim, detesto ser explosiva, queria ser mais tranquila, pois quando fico furiosa a cegueira toma conta e não há quem consiga dar um jeito. Daí eu grito e depois sempre me arrependo.

Quando falo em fé não falo em Deus, mesmo porque cada um tem o seu. Não importa se você acredita em Santo Antônio, Jesus, Oxalá, Jeová, espíritos, Buda ou é ateu. O que importa é que você tem fé em alguma coisa, mesmo que esse alguma coisa seja você mesmo. A gente precisa ter algo que nos faça acreditar. 

Nem sempre acredito no que escrevo, nem sempre minhas linhas são meu reflexo, nem sempre estou de corpo e alma no meio das letras. Eu sou muitas pessoas e isso facilita um pouco as coisas. Isso me ajuda a enxergar, a me distanciar e a me aproximar quando é necessário. 

Olha, me desculpa a franqueza, mas não quero saber o que você pensa. Se eu quiser certamente vou te perguntar. Mas não precisa dar uma de amigão do peito, limpar a garganta e começar a falar tudo que você acha certo e errado na minha vida. Já sou maior de idade, minha carteira de vacinação está em dia, sei que tudo tem uma ação e reação. Guarda toda essa energia para melhorar o que está desencaixado dentro de você. Deixa que de mim eu sei.

De vez em quando eu até tento me fazer de durona, mas meu coração é mais mole que mingau de aveia. Não acho isso ruim, só que muitas vezes acabo sendo legal com quem não presta. E no final quem sofre sou eu. 

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